quinta-feira, 1 de agosto de 2013

BÁRBAROS, PEDESTRES E OUTRAS CRIATURAS URBANAS


Você já deve ter ouvido falar aquela frase: "O ser humano é um animal que sabe viver em sociedade".
Bulshit! 

O ser humano não sabe viver em sociedade; ele o faz pois não tem opção.
Há milhares de anos atrás aprendemos (e garanto que não foi lendo a cartilha Caminho Suave) que se não rolasse uma cooperação entre os semelhantes, iríamos virar comida de Dinossauro (agora um monte de chato vai falar: "mas humanos e Dinossauros não co-existiram").
Avaliando os tempos modernos concluímos, porém, que o ser humano, se reúne com aqueles:
- por quem sente algum tipo de afeto (=porque gosta) ou
- precise empreender algo em conjunto

Quer exemplos?
Para as meninas: jantar na casa da sua sogra. Você não o faz porque tem afeto por ela; mas está empreendendo um relacionamento com seu namorado, noivo, esposo; e por isso precisa se relacionar com aquela víbora senhora. O que você queria de verdade era estar atracada com seu par, dançando ou dividindo uma taça de sangria com suas amigas.

Para os meninos: gostamos de chamar os brothers para jogar video-game, falar palavrão, falar sobre mulher gostosa, política, futebol. Independente da zona que vai ficar sua casa ou da gordura no Joystick do seu PS3. Foda-se! O importante é ter os camaradas alí.

Fora desse contexto, é você no seu feudo e eu no meu e que assim seja por toda a eternidade.

Tais reuniões entre pessoas ocorrem em locais específicos e estabelecidos para os propósitos ao qual foram criados. Assim, você recebe sua família e amigos em casa ou num bar, seus colegas de trabalho no trabalho e eventualmente faz transações comerciais (relacionando-se assim com pessoas) em locais de negócios.

Entretanto, as grandes cidades pedem que quebremos essa regra nos forçando a andar juntos, respirar o mesmo ar e as vezes até conversar. E isso ocorre principalmente enquanto nos locomovemos para os "locais de reunião com propósito fim".
E é nesse exato momento que vemos qual a real face do Homo Sapiens; quando você os coloca para dividir o mesmo espaço (a contragosto) é que se revela sua natureza paquiderme.

Quando se está na rua, na hora do rush, espera-se uma movimentação ágil, precisa e orientada. (a não ser que você seja idoso, criança ou tenha alguma restrição de mobilidade). Tais características garantem a fluidez: seja no transito, seja nas calçadas, passarelas e demais ambientes de domínio pedestre.

Porém, existem algumas criaturas ou grupos (e isso ocorre tanto na região bárbara quanto na civilizada) que buscam sempre abalar a ordem do caos. Hoje vou me limitar a falar sobre as aberrações sobre patas (pedestres), mas oportunamente abordo outros tipos. 


Mapa da cidade de São Paulo. Bárbaros vs Civilização

Pois bem, vamos aos causadores:


O MENSAGEIRO

Nada como bom senso para usar o celular


Essa criatura é fruto da modernidade, da inclusão digital, do plano pré-pago e do parcelamento de celulares em até 10x sem juros no cartão da família Klein.
Ele anda com os olhares fixos na tela do HiPhone, que cabe 16 Chips (todos sem crédito) completamente desorientado e a passos que tornam qualquer caracol o mais lépido dos seres. Nesse processo, é melhor você desviar dele, pois é um ser arisco e te olha com cara feia caso seja tocado.
Afinal tocar em tais espécies implica na digitação errada do texto que ele está escrevendo, na razão da vida dele; que ele não pode esperar por 3 minutos para responder.
Portanto, esteja alerta!


CASAIS
Love in the air; everywhere I look around

São 07:30 e aquela multidão de bárbaros caminha ordenadamente para fazer baldeação (palavra típica do vocabulário bárbaro-animal) em harmonia; porém uma dupla anda a passos sensivelmente mais lentos.

Eles parecem estar em outro planeta, inertes em uma bolha em formato de coração. De mãozinhas dadas, essas duas antas ocupam um espaço duplo atrasando todo um mecanismo que até então fluía como uma engrenagem Suíça.

Casais são agentes da discórdia sobre pés humanos. Aquele doce exacerbado exalando de seu caminhar “sob o luar de Paris” faz qualquer formiga ou abelha morrer de hiperglicemia. Nada contra o amor, porém em nenhum manual, poesia, música, etc; tá falando que por estar amando você tem que ferrar com a vida de toda a sociedade diminuir o seu ritmo de vida.

Diferentes dos mensageiros, casais são extremamente resistentes a esbarroes e empurrões; devem estar sob a proteção de algum spell fortíssimo que definitivamente os isola do restante da galáxia.


MIGUXOS

Clássico exemplo de Miguxos

Aquela turma de brothers se encontra na rua e passam a andar emparelhados, como uma parede de Handball, contando alegremente os causos da última balada. Porém, é (novamente) naquele passo de tartaruga reumática parando todo o processo de mobilidade urbana. E o pior é que o formato de parede, impede a ultrapassagem segura nas vias ‘pedestriais’.

Miguxos são uma variação do casal, porém sem a bolha em formato de coração e com um agravante! Podem ser mais de duas cabeças.
Mulheres tem um complicômetro quando em formação de miguxas; caso uma delas tenha um assunto mais polêmico para falar, elas simplesmente... param!

Isso mesmo, assim; do nada! É como se um mundo inteiro tivesse a obrigação de parar, sentar-se de pernas cruzadas e assistir a dissertação da moça de como a amiga dela descobriu uma nova forma de pintar a unha do dedo anelar de roxo-beterraba-do-norte-da-ásia.

Atenção, por estar geralmente em bandos, miguxos podem se tornar extremamente agressivos. Portanto, caso não esteja em formação semelhante, evite o contato.


SACOLEIROS

Próxima estação, Brás!


Na hora do rush essas criaturas surgem nas ruas munidas com suas malas e sacolas gigantescas, geralmente surgem no período da tarde, no fluxo Civilização à Região Bárbara.

Carregam aquela montanha de quinquilharia da 25/03 ou roupas compradas no Brás. Além de ocupar o mesmo espaço onde caberia um Hipopótamo obeso, esses seres bárbaros possuem uma movimentação lenta e desorientada, com um agravante! Eles andam trombando as sacolas em todos que por algum acaso estejam no seu caminho, é como se fossem uma trator desgovernado no meio do transito.

Mantenha distância pois são criaturas bem ariscas e com um arsenal de palavrões e outras expressões, que fariam até a saudosa Derci ficar com vergonha.



MANOS

É melhor usar o fone de ouvido


Ah esses são o extrato das regiões Bárbaras! O mano é uma criatura extremamente caricata; saiba com o identificá-lo:
Bone aba reta ou da Oakley (meio de lado) ou cabelo raspado nas laterais e qualquer tipo de corte acima (não importa qual seja);
Camisa polo listrada, camista da Hollister sempre com cores berrantes;
Corrente com calibre suficiente para puxar dois caminhões de minério de ferro;
Óculos de Sol Gigantesco com lente em cores tão psicodélicas quanto uma viagem de LSD.

O mano geralmente ouve músicas típicas bárbaras: Funk, Funk, Funk! E pode o estar fazendo sem o fone de ouvido; compartilhando aquele lixo que ousam chamar de música AQUELE LIXO QUE OUSAM CHAMAR DE MÚSICA, com as demais almas inocentes ao redor.

Manos se movimentam de forma a ocupar o máximo de espaço possível. Geralmente andam de braços abertos e balançando-os em conjunto com os ombros num compasso que lembra um pouco os bonecos gigantes do caranval de Olinda.
Manos são hostis e agressivos portanto; afaste-se!


TRAVADORES DE ESCADA ROLANTE

Simples assim

A regra intergalática de boa conduta em escadas rolantes diz que: a esquerda deve permanecer livre. Tão simples quanto 2+2=4.
Porém essas bestas ambulantes simplesmente ignoram essa regra, mesmo quando temos escrito em letras garrafais: "MANTENHA A ESQUERDA LIVRE". 

Os indivíduos dessa espécie ao adentrar em uma escada rolante, simplesmente param na "pista" da esquerda e ficam alí contemplando a paisagem como se estivesse numa gôndola em Veneza.
PQP! Quer ficar admirando o nada? Então vai pra direita, porr@! É pra isso que ela existe, para acumular aqueles que não querem galgar os degraus da escada rolante.

Essas criaturas não são hostis e geralmente atendem de bom grado quando pede-se (com educação, sempre) para passar.
Porém, esses seres tem algum tipo de magia que inebria um sem número daqueles que vem atrás na escada rolante; pois esses, ao invés de pedir licença, simplesmente param!
Vale ressaltar que essas criaturas nefastas são encontradas tanto na região bárbara quanto na região civilizada.




Existem uma série de outras criaturas soltas nas nossas selvas urbanas. E em diferentes ocasiões, no transito, na escola, na balada... enfim. Dá pra categorizar de diversas formas e ficaríamos aqui até amanhã para catalogar todas.
E você, conhece outras espécies pedestre-urbanas? Manda lá no comentário.

Abraço
Gabriel

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