Você já deve ter ouvido falar aquela
frase: "O ser humano é um animal que sabe viver em sociedade".
Bulshit!
O ser humano não sabe viver em
sociedade; ele o faz pois não tem opção.
Há milhares de anos atrás aprendemos (e
garanto que não foi lendo a cartilha Caminho Suave) que se não rolasse uma
cooperação entre os semelhantes, iríamos virar comida de Dinossauro (agora um
monte de chato vai falar: "mas humanos e Dinossauros não co-existiram").
Avaliando os tempos modernos concluímos,
porém, que o ser humano, se reúne com aqueles:
- por quem sente
algum tipo de afeto (=porque gosta) ou
- precise empreender algo em conjunto
- precise empreender algo em conjunto
Quer exemplos?
Para as meninas: jantar na casa da sua
sogra. Você não o faz porque tem afeto por ela; mas está empreendendo um
relacionamento com seu namorado, noivo, esposo; e por isso precisa se
relacionar com aquela víbora senhora. O que você queria de verdade era
estar atracada com seu par, dançando ou dividindo uma taça de sangria com suas
amigas.
Para os meninos: gostamos de chamar os
brothers para jogar video-game, falar palavrão, falar sobre mulher gostosa,
política, futebol. Independente da zona que vai ficar sua casa ou da
gordura no Joystick do seu PS3. Foda-se! O importante é ter os camaradas alí.
Fora desse contexto, é você no seu feudo
e eu no meu e que assim seja por toda a eternidade.
Tais reuniões entre pessoas ocorrem em
locais específicos e estabelecidos para os propósitos ao qual foram criados.
Assim, você recebe sua família e amigos em casa ou num bar, seus colegas de trabalho no
trabalho e eventualmente faz transações comerciais (relacionando-se assim com
pessoas) em locais de negócios.
Entretanto, as grandes cidades pedem que
quebremos essa regra nos forçando a andar juntos, respirar o mesmo ar e as
vezes até conversar. E isso ocorre principalmente enquanto nos locomovemos para
os "locais de reunião com propósito fim".
E é nesse exato momento que vemos qual a
real face do Homo Sapiens; quando você os coloca para dividir o mesmo
espaço (a contragosto) é que se revela sua natureza paquiderme.
Quando se está na rua, na hora do rush,
espera-se uma movimentação ágil, precisa e orientada. (a não ser que você seja
idoso, criança ou tenha alguma restrição de mobilidade). Tais características
garantem a fluidez: seja no transito, seja nas calçadas, passarelas e demais
ambientes de domínio pedestre.
Porém, existem algumas criaturas ou
grupos (e isso ocorre tanto na região bárbara quanto na civilizada) que buscam
sempre abalar a ordem do caos. Hoje vou me limitar a falar sobre as aberrações
sobre patas (pedestres), mas oportunamente abordo outros tipos.
Mapa da cidade de São Paulo. Bárbaros vs
Civilização
Pois bem, vamos aos causadores:
O MENSAGEIRO
Nada como bom senso
para usar o celular
Essa criatura é fruto da modernidade, da
inclusão digital, do plano pré-pago e do parcelamento de celulares em até 10x
sem juros no cartão da família Klein.
Ele anda com os olhares fixos na tela do
HiPhone, que cabe 16 Chips (todos sem crédito) completamente desorientado e a
passos que tornam qualquer caracol o mais lépido dos seres. Nesse processo, é
melhor você desviar dele, pois é um ser arisco e te olha com cara feia caso
seja tocado.
Afinal tocar em tais espécies implica na
digitação errada do texto que ele está escrevendo, na razão da vida dele; que
ele não pode esperar por 3 minutos para responder.
Portanto, esteja alerta!
CASAIS
Love in the air; everywhere I look around
São 07:30 e aquela multidão de bárbaros
caminha ordenadamente para fazer baldeação (palavra típica do vocabulário
bárbaro-animal) em harmonia; porém uma dupla anda a passos sensivelmente mais
lentos.
Eles parecem estar em outro planeta, inertes em uma bolha em formato de
coração. De mãozinhas dadas, essas duas antas ocupam um espaço duplo atrasando
todo um mecanismo que até então fluía como uma engrenagem Suíça.
Casais são agentes da discórdia sobre pés
humanos. Aquele doce exacerbado exalando de seu caminhar “sob o luar de Paris”
faz qualquer formiga ou abelha morrer de hiperglicemia. Nada contra o amor,
porém em nenhum manual, poesia, música, etc; tá falando que por estar amando
você tem que ferrar com a vida de toda a sociedade diminuir o seu ritmo
de vida.
Diferentes dos mensageiros, casais são
extremamente resistentes a esbarroes e empurrões; devem estar sob a proteção de
algum spell fortíssimo que definitivamente os isola do restante da galáxia.
MIGUXOS
Clássico exemplo de Miguxos
Aquela turma de brothers se encontra na
rua e passam a andar emparelhados, como uma parede de Handball, contando
alegremente os causos da última balada. Porém, é (novamente) naquele passo de
tartaruga reumática parando todo o processo de mobilidade urbana. E o pior é
que o formato de parede, impede a ultrapassagem segura nas vias ‘pedestriais’.
Miguxos são uma variação do casal, porém
sem a bolha em formato de coração e com um agravante! Podem ser mais de duas
cabeças.
Mulheres tem um complicômetro quando em
formação de miguxas; caso uma delas tenha um assunto mais polêmico para falar,
elas simplesmente... param!
Isso mesmo, assim; do nada! É como se um
mundo inteiro tivesse a obrigação de parar, sentar-se de pernas cruzadas e
assistir a dissertação da moça de como a amiga dela descobriu uma nova forma de
pintar a unha do dedo anelar de roxo-beterraba-do-norte-da-ásia.
Atenção, por estar geralmente em bandos,
miguxos podem se tornar extremamente agressivos. Portanto, caso não esteja em
formação semelhante, evite o contato.
SACOLEIROS
Próxima estação, Brás!
Na hora do rush essas criaturas surgem
nas ruas munidas com suas malas e sacolas gigantescas, geralmente surgem no
período da tarde, no fluxo Civilização à Região
Bárbara.
Carregam aquela montanha de quinquilharia
da 25/03 ou roupas compradas no Brás. Além de ocupar o mesmo espaço onde
caberia um Hipopótamo obeso, esses seres bárbaros possuem uma
movimentação lenta e desorientada, com um agravante! Eles andam trombando as sacolas
em todos que por algum acaso estejam no seu caminho, é como se fossem uma
trator desgovernado no meio do transito.
Mantenha distância pois são criaturas bem
ariscas e com um arsenal de palavrões e outras expressões, que fariam até a
saudosa Derci ficar com vergonha.
MANOS
É melhor usar o fone de ouvido
Ah esses são o extrato das regiões
Bárbaras! O mano é uma criatura extremamente caricata; saiba com o
identificá-lo:
Bone aba reta ou da
Oakley (meio de lado) ou cabelo raspado nas laterais e qualquer tipo de corte
acima (não importa qual seja);
Camisa polo
listrada, camista da Hollister sempre com cores berrantes;
Corrente com
calibre suficiente para puxar dois caminhões de minério de ferro;
Óculos de Sol
Gigantesco com lente em cores tão psicodélicas quanto uma viagem de LSD.
O mano geralmente ouve músicas típicas
bárbaras: Funk, Funk, Funk! E pode o estar fazendo sem o fone de ouvido;
compartilhando aquele lixo que ousam chamar de música AQUELE LIXO QUE
OUSAM CHAMAR DE MÚSICA, com as demais almas inocentes ao redor.
Manos se movimentam de forma a ocupar o
máximo de espaço possível. Geralmente andam de braços abertos e balançando-os
em conjunto com os ombros num compasso que lembra um pouco os bonecos gigantes
do caranval de Olinda.
Manos são hostis e agressivos portanto;
afaste-se!
TRAVADORES DE ESCADA ROLANTE
Simples assim
A regra intergalática de boa conduta em
escadas rolantes diz que: a esquerda deve permanecer livre. Tão simples quanto
2+2=4.
Porém essas bestas ambulantes
simplesmente ignoram essa regra, mesmo quando temos escrito em letras
garrafais: "MANTENHA A ESQUERDA LIVRE".
Os indivíduos dessa espécie
ao adentrar em uma escada rolante, simplesmente param na "pista" da
esquerda e ficam alí contemplando a paisagem como se estivesse numa gôndola em
Veneza.
PQP! Quer ficar admirando o nada? Então
vai pra direita, porr@! É pra isso que ela existe, para acumular aqueles que
não querem galgar os degraus da escada rolante.
Essas criaturas não são hostis e
geralmente atendem de bom grado quando pede-se (com educação, sempre) para
passar.
Porém, esses seres tem algum tipo de
magia que inebria um sem número daqueles que vem atrás na escada rolante; pois
esses, ao invés de pedir licença, simplesmente param!
Vale ressaltar que essas criaturas
nefastas são encontradas tanto na região bárbara quanto na região civilizada.
Existem uma série de outras criaturas
soltas nas nossas selvas urbanas. E em diferentes ocasiões, no transito, na
escola, na balada... enfim. Dá pra categorizar de diversas formas e ficaríamos
aqui até amanhã para catalogar todas.
E você, conhece outras espécies
pedestre-urbanas? Manda lá no comentário.
Abraço
Gabriel